A água é um recurso essencial para a vida, mas a disponibilidade de água no Brasil está longe de ser equitativa. Apesar de abrigarmos cerca de 12% da água doce do planeta, o acesso à água no Brasil é desigual e ameaçado por diversos fatores, como desperdício, poluição e infraestrutura precária de saneamento. A crise hídrica se agrava a cada ano, impactando milhões de brasileiros e exigindo ações urgentes para garantir um futuro sustentável.

O Desafio da Disponibilidade da Água

O Brasil enfrenta sérios problemas relacionados à disponibilidade da água. Enquanto algumas regiões possuem abundância de recursos hídricos, outras sofrem com escassez severa. O Semiárido nordestino, por exemplo, enfrenta secas prolongadas que impactam diretamente cerca de 27 milhões de pessoas. Em contraste, a Região Norte possui 68% da disponibilidade hídrica do país, mas com baixa densidade populacional.

Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), o consumo de água no Brasil aumentou 80% nos últimos 20 anos, tornando cada vez mais crítico o equilíbrio entre oferta e demanda.

Lugares com Falta de Água no Brasil

Diversas regiões do Brasil sofrem com a escassez hídrica devido a fatores climáticos, populacionais e estruturais. Como já dito anteriormente o Semiárido nordestino é a área mais afetada, com secas prolongadas que castigam estados como Ceará, Pernambuco, Bahia e Piauí. Muitas comunidades do sertão dependem de caminhões-pipa ou cisternas para armazenar água, que nem sempre chega em quantidade suficiente.

Além do Nordeste, grandes centros urbanos também enfrentam desafios. Em São Paulo, a crise hídrica de 2014-2015 revelou a vulnerabilidade do Sistema Cantareira, que abastece milhões de pessoas e atingiu níveis alarmantes. Brasília também passou por racionamento severo em 2017, quando o reservatório do Descoberto chegou a apenas 5% da capacidade.

Na Amazônia, apesar da abundância de água, muitas comunidades ribeirinhas não têm acesso à água potável tratada. A poluição dos rios por garimpo ilegal e despejo de resíduos afeta a qualidade da água disponível.

Além desses casos conhecidos, diversas comunidades rurais e periferias urbanas também enfrentam dificuldades diárias para obter água potável. Em muitas áreas, a infraestrutura precária impede o acesso regular à água tratada, forçando moradores a recorrerem a fontes contaminadas. A falta de investimento em infraestrutura hídrica e a degradação ambiental são desafios que precisam ser enfrentados com urgência.

Por Que Dizem que a Água no Brasil Está Acabando?

A escassez de água no Brasil tem múltiplas causas. O desmatamento, principalmente na Amazônia, afeta o regime de chuvas e compromete a reposição dos mananciais. O Brasil perdeu cerca de 17% de sua cobertura florestal desde 1985, de acordo com o MapBiomas, impactando diretamente o ciclo da água.

A poluição também é um grande problema. Um levantamento do Instituto Trata Brasil mostrou que apenas 50% do esgoto gerado no país é tratado, significando que bilhões de litros de esgoto são despejados em rios e lagos diariamente. Além disso, a gestão ineficiente faz com que 38,1% da água tratada seja perdida antes mesmo de chegar ao consumidor final, seja por vazamentos ou furtos.

Embora o Brasil seja rico em recursos hídricos, a falta de água tratada é um problema constante em muitas comunidades. A combinação de escassez natural em algumas regiões com a degradação ambiental e a ausência de infraestrutura faz com que milhões de brasileiros enfrentem dificuldades diárias para obter água potável.

Saneamento Básico: Um Direito Ameaçado

Como pudemos ver, o saneamento básico ainda é um desafio no Brasil. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), cerca de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável e mais de 100 milhões vivem sem coleta de esgoto.

Diante desse cenário, é fundamental compreender os quatro pilares do saneamento básico e como a ausência ou precariedade desses serviços impacta diretamente a saúde pública e o meio ambiente. 

Os 4 Tipos de Saneamento Básico

O saneamento básico é composto por quatro pilares fundamentais: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem urbana e gestão de resíduos sólidos. Entenda melhor cada um deles:

1. 1. Abastecimento de água potável O abastecimento de água potável garante que a população tenha acesso a um recurso seguro para consumo, higiene e demais necessidades diárias. No entanto, ainda existem regiões onde a água não chega regularmente ou não passa por tratamento adequado. A falta desse serviço pode levar à propagação de doenças como hepatite A, cólera e diarreia, além de interferir diretamente no desenvolvimento da comunidade. 

• Esgotamento sanitário O esgotamento sanitário envolve a coleta, transporte e tratamento dos dejetos humanos e industriais antes de seu descarte no meio ambiente. Sem um sistema eficiente, os resíduos são despejados em rios, lagos e lençóis freáticos, contaminando a água e contribuindo para a disseminação de doenças como leptospirose e parasitoses.

• Drenagem urbana e manejo das águas pluviais A drenagem urbana é responsável por evitar alagamentos e enchentes, captando e direcionando corretamente as águas das chuvas. Esse sistema envolve bueiros, galerias subterrâneas e reservatórios para conter o volume de água. A falta de manutenção ou infraestrutura adequada resulta em inundações frequentes, deslizamentos de terra e prejuízos para a população. Com o crescimento desordenado das cidades e a impermeabilização do solo, esse problema tem se tornado ainda mais grave.

• Gestão de resíduos sólidos A produção de lixo é uma consequência inevitável da vida moderna, mas seu descarte inadequado pode causar impactos ambientais e sanitários severos. A gestão de resíduos sólidos inclui a coleta, transporte, tratamento e destinação final do lixo. No Brasil, menos de 60% dos resíduos são tratados corretamente, e uma grande parcela ainda é descartada em lixões a céu aberto. A reciclagem e a destinação correta dos resíduos são essenciais para reduzir impactos ambientais e promover um futuro mais sustentável.

O Impacto da Falta de Saneamento

A falta de saneamento básico tem impactos devastadores na saúde pública, no meio ambiente e na economia. O contato direto com esgoto não tratado contribui para a propagação de doenças como diarreia, hepatite A e leptospirose, afetando principalmente crianças e idosos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que doenças relacionadas à água contaminada são responsáveis por milhares de internações hospitalares no Brasil todos os anos.

Além dos problemas de saúde, a ausência de saneamento afeta a qualidade de vida das comunidades. Ambientes insalubres prejudicam o desenvolvimento infantil, aumentam a evasão escolar e dificultam o crescimento econômico das regiões afetadas. Estima-se que, a cada R$1 real investido em saneamento, há uma economia de R$4 reais em custos com saúde pública, demonstrando a importância desse setor para o bem-estar da população.

Outro impacto significativo é o ambiental. O despejo de esgoto a céu aberto contamina rios e lençóis freáticos, reduzindo a disponibilidade de água potável. A degradação dos recursos hídricos compromete a biodiversidade e dificulta o abastecimento futuro.

O saneamento básico é um direito essencial para garantir dignidade e saúde, mas ainda é inacessível para milhões de brasileiros. A ampliação da infraestrutura, aliada a políticas públicas eficientes, é fundamental para reverter esse cenário alarmante.

Um Chamado à Ação

A crise da água no Brasil e do saneamento exige uma resposta coletiva. Investir em infraestrutura, educação ambiental e reduzir o desperdício são passos fundamentais para garantir que futuras gerações tenham acesso a esse recurso.

Neste mês de março, celebramos o Dia Mundial da Água, um momento importante para refletirmos sobre a necessidade urgente de cuidar dos nossos recursos hídricos. No próximo blogpost, falaremos mais sobre esse tema e como podemos agir para proteger a água no Brasil.