B-R-O BRÓ: o período mais quente do ano desafia o Piauí

No Piauí, os últimos meses do ano têm um nome que todo piauiense reconhece: B-R-O BRÓ.
A expressão popular vem das três últimas letras dos meses setemBRO, outuBRO, novemBRO e dezemBRO, e há décadas define uma época que molda o ritmo da vida, o humor das ruas e até o calendário econômico e cultural do estado.

Mais do que uma estação quente, o B-R-O BRÓ é um marco climático e social. Ele concentra o auge das temperaturas, a escassez das chuvas e a força da adaptação das comunidades que vivem sob o sol mais intenso do Brasil.

O que acontece no B-R-O BRÓ?

Durante o B-R-O BRÓ, o calor domina o Piauí. As temperaturas facilmente ultrapassam os 40 °C, chegando a 50 °C de sensação térmica em municípios do semiárido e até na capital, Teresina, que está entre as cidades mais quentes do país segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

A umidade relativa do ar despenca para níveis críticos — abaixo de 20% — e o ar seco transforma o cotidiano. A baixa umidade eleva o risco de problemas respiratórios, fadiga e desidratação, especialmente entre crianças, idosos e trabalhadores rurais.

Segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), em 2025 a estiagem chegou mais cedo e deve se estender até o fim de novembro. As chuvas regulares só devem retornar no início de 2026, marcando um dos períodos mais longos de seca dos últimos anos.

O relatório da Sala de Monitoramento e Previsão de Eventos Climáticos (SAMPECE) relaciona o fenômeno à influência do El Niño, que altera os ventos e reduz a umidade que chega ao Nordeste. Esse desequilíbrio climático tem efeitos diretos na economia local, na agricultura e na saúde pública.

Leia mais em: Seca no sertão: o período do BRO-bró

O impacto na vida das pessoas

O B-R-O BRÓ mexe com tudo — do campo à cidade.
No interior, a seca prolongada compromete os reservatórios e reduz drasticamente a oferta de água potável. Pequenos agricultores enfrentam perdas nas plantações, e o rebanho sofre com a falta de pastagem. A pecuária, um dos pilares da economia do semiárido, vê os custos subirem: é preciso comprar ração e transportar água por longas distâncias.

Nas cidades, o consumo de energia e água dispara. O calor aumenta a demanda por refrigeração e o uso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. Em Teresina, por exemplo, o consumo de energia elétrica cresce em média 20% durante o B-R-O BRÓ, segundo dados da Equatorial Piauí.

A saúde também sente os efeitos: hospitais registram aumento de casos de desidratação, insolação, alergias e infecções respiratórias. E em comunidades rurais, onde o acesso à água é limitado, cada litro é medido e guardado com cuidado — um lembrete diário da escassez e da necessidade de soluções duradouras.

Leia mais em: O problema da seca e suas consequências

Um tempo que exige consciência

Os efeitos do B-R-O BRÓ são um reflexo das mudanças climáticas globais, que vêm tornando o período seco cada vez mais longo e quente.

O aumento da temperatura média, o desmatamento e o uso indevido dos recursos naturais agravam um cenário que já é naturalmente desafiador.

Por isso, atravessar o B-R-O BRÓ é mais do que suportar o calor: é um exercício de consciência ambiental e solidariedade.

Cada ação conta:

  • Evitar o desperdício e reaproveitar a água quando possível; 
  • Investir em tecnologias sustentáveis de captação e dessalinização; 
  • Apoiar projetos que garantem acesso à água potável no semiárido; 
  • Promover práticas de reflorestamento e preservação das nascentes. 

Conheça a Coletânea do B-R-O BRÓ

O B-R-O BRÓ é um tempo de contrastes: calor extremo e solidariedade, seca e esperança.
Ele revela a força de um povo que aprende a viver com o clima e a reinventar-se diante das adversidades.

Para compreender mais a fundo esse fenômeno e suas consequências, o Instituto Mais Água lança a Coletânea do B-R-O BRÓ, com informações, relatos e registros inéditos sobre o impacto da estiagem e as transformações no sertão piauiense.

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