Falta de acesso à água afeta bilhões e provoca aumento de conflitos no mundo
Demanda por água deve continuar a crescer nos próximos anos e pode afetar produção de alimentos. Mais de dois bilhões de pessoas não têm acesso à água potável.
A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o acesso à água e ao saneamento básico como um direito universal. Desde então, os países membros precisam trabalhar para que as pessoas tenham acesso a estes direitos até 2030. A meta, no entanto, parece distante, pois a falta de acesso à água afeta bilhões de pessoas.
A ONU aponta que mais de dois bilhões de pessoas não têm acesso à água potável e mais de quatro bilhões não tem acesso à esgoto sanitário. Além disso, a demanda por água seguirá crescendo e pode afetar a produção de alimentos e gerar conflitos.
“Populações pobres e marginalizadas serão afetadas de forma desproporcional, agravando ainda mais as desigualdades”, disse Gilbert F. Houngbo, Presidente da ONU-Água e Presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.
A agricultura (incluindo irrigação, pecuária e aquicultura) é a maior consumidora de água globalmente, respondendo por 69% da retirada anual de água em todo o mundo. A indústria (incluindo a geração de energia) responde por 19% e as residências particulares por 12%.
Estimativas recentes mostram que 31 países experimentam estresse hídrico entre 25% e 70%. Outros 22 países estão acima do nível de 70% e, por isso, encontram-se em uma situação grave de estresse hídrico. Ou seja, estão fazendo uso substancial de recursos hídricos, com maiores impactos sobre a sustentabilidade desses recursos e um crescente potencial de conflito entre os seus usuários.
Fatores que levam a falta de acesso à água, segundo a ONU
- Crescimento populacional
- Urbanização
- Pobreza
- Desigualdade social
- Falta de acesso a educação e trabalho
Aumento dos conflitos por água
Segundo dados do relatório, houve um aumento de conflitos envolvendo água no período entre 2010-2018 se comparado com 2000-2009.
Foram 263 conflitos em que a água teve um papel de destaque (123 tendo a água como a causa do conflito, 29 em que água foi usada como arma e 133 em que o acesso à água foi afetado acidentalmente ou propositalmente pelos conflitos).
Porém, o relatório ressalta que este número tem que ser avaliado com cautela já que o aumento de conflitos de maneira geral pode ter contribuído para o aumento dos registros deste tipo de disputa.
Segundo a ONU, as mudanças climáticas terão um impacto desproporcional no bem-estar dos pobres nas áreas rurais. Pesquisas de diferentes partes do mundo mostram que a irrigação suplementar em sistemas agrícolas podem não só garantir a sobrevivência das culturas, mas também duplicar ou mesmo triplicar a produção de chuvas por hectare para culturas como trigo, sorgo e milho.
Além da diferença entre os países mais ricos e pobres, discrepâncias significativas no acesso à água existem mesmo dentro dos países, especialmente entre os ricos e os pobres.
Nas áreas urbanas, os desfavorecidos alojados em acomodações improvisadas sem água corrente muitas vezes pagam de 10 a 20 vezes mais do que seus vizinhos em bairros mais ricos por água de qualidade semelhante ou menor comprada de vendedores de água ou caminhões-pipa.
Segundo o relatório, a melhoria dos serviços de saneamento e água, especialmente para grupos vulneráveis, teria um custo-benefício capaz de mudar o status social e a dignidade percebidos por esses grupos.
Estudos existentes indicam que os custos de saúde são mais onerosos para as famílias mais pobres do que os mais ricos, de tal forma que a poupança nas despesas relacionadas com a saúde teria um efeito multiplicador de benefícios (educação, produtividade no trabalho, etc).
O Instituto Livres e o acesso à água potável
O nordeste do Brasil vive uma crise de água faz muitas décadas. Além das condições climáticas extremas por causa das secas, a falta de acesso à água e ao saneamento, as comunidades sofrem de diversas restrições a direitos básicos de saude, bem-estar e dignidade.
A condição de extrema pobreza acomete a maioria das famílias que se encontram na região. Desde 2014 o Livres está atuando no sertão do Piauí para mudar essa realidade levando água potável e potável às famílias. O acesso à água também cria condições de subsistência agrícola e pecuária, reduz os índices de enfermidade, a mortalidade infantil, desnutrição, melhora a frequência nas escolas e funcionamento dos postos de saúde nas regiões rurais. Sem falar no tempo que as mulheres deixam de gastar para buscar água!
O projeto Mais Água tem promovido acesso à água potável em regiões e comunidades transformando o contexto social ambiental em que estão inseridas. Já são 21 comunidades, mais de 8 mil pessoas sendo diretamente beneficiadas por nossas soluções hídricas. Para conseguirmos expandir as oportunidades de ajudar pessoas, precisamos de doações.
Cada doação coopera para levar água ao sertão! Doe!
Também queremos implantar a fase 2 do projeto com ações de sustentabilidade para o manejo da água salobra após tratamento que pode ser usada em plantios. Faça parte!